Não sendo o esporte administrado por quem deveria do ponto de vista legal, quem, então, administra o agg inline no Brasil? Na verdade não existe uma pessoa administrando o agg inline no Brasil, mas muitas. O esporte é totalmente pulverizado em termos de administração, cada um fazendo como bem entende o que lhe dá na cabeça, numa espécie de guerrilha maluca, um salve-se quem puder.
É de se lembrar aqui uma sigla importante no cenário brasileiro que é a ASABR que todos pensam estar desativada, mas que esteve presente na organização de uma competição denominada Programa Radical – ProRad. Esse programa foi realizado no primeiro semestre de 2006, envolveu competições de BMX, Moto, Skate, Patins e foi transmitido por canal aberto e por assinatura, a TV Globo.[1]
ASABR pretende ser, então, no Brasil, um braço da ASA americana. Esta última realiza e divulga megaeventos espetaculares de esportes radicais pelo mundo afora. Todavia, não há registro legal disponível e divulgado conferindo à ASABR a prerrogativa de representar no Brasil sua suposta matriz americana.
O envolvimento da ASABR com a organização do ProRad transmitido pela Globo, todavia, ilustra o fato de que as empresas de comunicação têm papel importante na condução do destino do agg inline no Brasil, como, aliás, ocorre em relação a todos os esportes. A Rede Globo mantém uma página denominada Globo.com onde disponibiliza informações sobre esportes radicais, entre outros. Embora o aggressive inline do Pará tenha sido contemplado com três inserções importantes naquela página – pelo que o Pará agradece muito - é visível o estado de inanição a que lá é submetido o inline radical. Praticamente não há registro de eventos nacionais, nem poderia haver porque os eventos que ocorrem são propriedades particulares e aleatórias, não há calendários, os responsáveis não aparecem como tais.
A ESPN[2] é outro por exemplo, uma gigante do entretenimento desportivo, até onde sei é dona do X-Games, importante competição de esportes radicais que nem incluiu a patinação aggressive in line nos anos 2006/7/8.
Outro ramo do entretenimento que de alguma forma vai ditando rumos ao aggressive inline é a indústria e comércio de produtos desportivos, roupas, equipamentos de segurança, peças e patins, construtores de pistas. Com suas páginas na Internet, seus vídeos, seu apoio aparentemente caótico a eventos e atletas ao sabor de interesses pessoais, essas empresas vão influenciando comportamentos e moldando mentes dos praticantes.
Via de regra, aggressive inliners acreditam piamente em algo como um inline life style, proposto por uma mídia que nem boa vendedora é, e buscam se comportar de acordo com o sentido difuso que cada um percebe naquela crença. Também aqui é preciso frisar que isso ocorre em outros esportes, não é especificidade do agg inline. Porém, o fato de o aggressive inline não ter representação institucional faz com que os atletas fiquem desarmados, à mercê de dirigentes que talvez até entendam muito do esporte-consumo e de como ganhar dinheiro com ele, mas não estão lá muito preocupados com as conseqüências da organização vil. A massa dos patinadores e patinadoras nesse processo exerce o importante papel de reprodutores por um lado e de meros consumidores por outro. Nenhum dos dois papéis, me parece, vai ao encontro dos interesses dos patinadores e patinadoras deste mundão de deus.
Não tenho dúvidas de que há praticantes em todos os estados brasileiros, mas não são vistos nem conhecidos porque o modo atual de identificação dos campeões é feudo de alguns focos de comércio de produtos e/ou de serviços midiáticos.
Muitos inliners aceitam tal estado de coisas com tranqüilidade e até acham que é o único jeito de conduzir o esporte, mas têm a desagradável surpresa de verem-se desguarnecidos quando decidem pedir apoio, pois não possuem uma entidade de prática ou de administração para assinar e se responsabilizar pelos projetos. Pior, ainda, não possuem um rol de competições a que possam se referir, ficando seus pedidos meio soltos, como se os eventos a que pretendem apoio tivessem surgido do nada.
Além disso, sem terem qualquer ingerência nos negócios das empresas hoje dominantes no esporte, os praticantes ficam a ver navios e sem ter a quem recorrer quando o proprietário do X-Games, por exemplo, resolve simplesmente eliminar as provas de patinação.
Então, concluindo minha fala de hoje, há organização de um tipo meio equisito e há quem dirija o aggressive inline, mas os entes que determinam essa direção e organização dificilmente colocam os interesses dos inliners antes dos seus próprios interesses lucrativos, naturalmente. Há também, uma ideologia peseudo-underground que ajuda sustentar a farsa do life style. A patinação aggressive inline pode até ser promovida e estimulada por tais entes, mas o produto final atende apenas o objetivo de lucro material deles mesmos. É preciso, portanto, reagir e rápido.
[1] A AAGIL participou do evento a convite oficial da ASABR, tendo o atleta Emerson “Chorão” viajado Para São Paulo com apoio da SEEL – Secretaria Executiva de Esporte e Lazer do Governo do Pará, órgão que também apoiou o campeonatos de 2006 e, agora com o nome de SEEL – Secretaria de Estado de Esporte e Lazer, apoiou o campeonato de 2007.
[2] "A ESPN, integrante da The Walt Disney Company, é a maior e mais completa empresa de multimídia e entretenimento esportivo, com canais de TV por assinatura, rádio, internet e outras plataformas.
No Brasil, desde a década de 1990..." Fonte: Página WEB da ESPN http://www5.vagas.com.br/PagEmpr.asp?e=espn5758 consultada em 170109 às 00h39min (horário de Belém - PA)
Os caras do sul não falam bem do ASABR, parece que morreu total, não sei o que rolava ao certo.
ResponderExcluirEstamos com um problema sério porque está entranhado essa mentalidade de "viva os gringos" ou "viva as marcas". Como o esporte é novo com o passar do tempo vão surgir mais entidades nacionais pra promover o esporte em sí e não autopromoção. Vamos fazendo nossa parte.
Se você observar com cuidado as imagens do ProRad vai ver a logomarca do ASABR por lá. Não sei exatamente em que papel, mas o Aranha é um dos que estavam na organização. Ele mandou um convite em papel timbrado da ASABR para nós.
ResponderExcluirJá a mentalidade, Taichi,em certo sentido é moldada pela ideologia e a ideologia tem práticas que lhe correspondem. É preciso identificá-las bem para contrapor outra ideologia e outras práticas. No caso brasileiro pesam muito os quase 300 anos de colonialismo escravista, mas haveremos de vencer.