O sistema desportivo como um todo, no Brasil, tem dois lados que se correspondem, um privado e um estatal.
Tabela de relacionamentos entre o setor esportivo dentro e fora do governo
(Sei que a tabela está meio ilegível, vou providenciar uma mais clara, quando tiver tempo, ocasião em que apagarei esta obs )
É como se a legislação tivesse estabelecido um tipo de organismo para cada instância de governo, ou seja: em nível municipal o relacionamento se dá entre prefeitura e associações, clubes. Já em nível regional ou estadual encontram-se as ligas e federações do lado privado e do outro as secretarias estaduais de governo. Finalmente, na instância mais alta da organização desportiva nacional encontram-se as confederações e os comitês olímpico e para olímpico do lado privado e o Ministério dos Esportes no mesmo nível, mas na esfera governamental.
Há, também, os dois Comitês, Olímpico e Paraolímpico, entidades privadas sem fins lucrativos, cuja atuação se dá em nível nacional e que se arrogam o direito de representar o Desporto Brasileiro internacionalmente.
Então é assim, a organização desportiva acompanha mais ou menos o jeito de organizar administrativamente o País, começando pela organização local e subindo para a organização nacional, passando pela estadual. Via de regra é associação que representa as pessoas do bairro ou de uma comunidade. Um exemplo de que eu gosto muito vem de fora do esporte. São os taxistas. Outro dia vi um carro que ostentava o nome de sua associação: “Associação dos Taxistas do Supermercado ...”. Quer dizer, criaram uma associação para cuidar da questão do táxi na área geográfica de um supermercado. Eles também utilizam o recurso de se organizar em cooperativas, mas este é outro campo. Voltemos ao esporte.
Eu dizia, então, que há um relacionamento preferencial entre as associações e os poderes municipais, mais especificamente as prefeituras. Mas isto não é obrigatório, não. Nem a associação precisa ser restrita, geograficamente, ao município, nem precisa se relacionar apenas com a prefeitura. A associação pode ser até mundial. Apenas afirmo que, preferencialmente ou naturalmente ou por tradição ou apenas porque buscam o bem estar de pequenas coletividades locais, as associações tendem ao relacionamento horizontal maior com os poderes locais, as prefeituras, as câmaras de vereadores. Neste último caso, geralmente, para pedir apoio aos vereadores.
Repito, nada disso é obrigatório, são apenas constatações do que ocorre mais frequentemente.
Em resumo, podemos, então, identificar certa correspondência entre a estrutura político-administrativa do Brasil, de um lado, enquanto federação de estados e estados formados por municípios, e de outro, as confederações aglutinando federações/ligas formadas por associações. Notem que digo certa correspondência, mas não digo correspondência biunívoca nem obrigatória.
Por seu turno, a organização do Aggressive In line, hoje em dia, é completamente estranha à organização dos esportes de competição em geral. A estrutura desportiva brasileira vem sendo ignorada por aqueles que dirigem o esporte. Não estou dizendo que há um órgão dirigindo o esporte. Estou dizendo que as várias direções do esporte ignoram a conformação pedida pela lei. Mas não estou dizendo, também, que os dirigentes do esporte estão agindo fora da lei, não. Os atuais dirigentes do agressive inline apenas não se deram conta de que existe uma legislação que institui a maneira de se organizarem os esportes no Brasil.
Quem, afinal, dirige o aggressive in line no Brasil? Há uma direção sendo dada para o aggressive in line no Brasil? Que direção seria essa? Estas perguntas, ingênuas até, reconheço, nos remetem à idéia de administração do agg inline.
Relativamente a administração entendo que a organização requer planejamento, direção, coordenação e controle, além da transparência e responsabilidade social. São palavras chave que precisam ser conhecidas e meditadas e postas em prática por todos que se envolvem com o esporte. Um jornalista desportivo honesto, por exemplo, precisa ter em mente tais palavras e compreender seu significado e confrontá-lo com sua visão de toda e qualquer modalidade desportiva. São elas que vão pavimentar o caminho da compreensão do funcionamento do esporte e as prioridades para noticiar, criticar ou apenas identificar fatos e pessoas.
Ora, o jornalismo desportivo, querendo ou não, acaba funcionando como atestado de bons antecedentes desportivos das modalidades. Se os jornalistas desportivos permanecerem ignorantes do que se passa no esporte porque não o compreendem, estarão sendo desonestos e não éticos, por saberem que não poderão cumprir corretamente sua obrigação, seja a de informar seja a de opinar.
Da mesma forma, atletas que dão apoio a iniciativas completamente estranhas à organização desportiva nacional estão, na verdade, trabalhando contra si próprios, pois tais iniciativas, embora usem sempre o slogan do “inline no coração e para sempre”, na verdade buscam o lucro dos organizadores. Vi muitos e muitos garotões agindo romanticamente em relação à organização do esporte – life style, dizem - sem saberem que estão sendo manipulados por ideologia estranha a sua terra e seu povo. Não que isto seja errado, afinal, ser alienado não é ser certo nem errado, é apenas ser alienado. O fato é que não se vê no Brasil do aggressive in line outras iniciativas além da AAGIL que busquem os rumos apontados pela legislação desportiva.
Em resumo, então, a organização do agg inline nacional não obedece a lei do esporte. Embora não se possa dizer que esteja fora da lei, pode-se dizer que legalmente está fora do esporte.
Ora, há vários problemas relacionados a essa ausência de vínculo entre a organização proposta pela lei e a atual organização que vige no Aggressive Inline nacional. Esse é o panorama que, entre outras coisas, pretendo examinar com vocês aqui.
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