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31 janeiro 2008

Alguns outros conceitos e finalidades do esporte

Um dia, quem sabe, voltaremos à discussão dos princípios que norteiam a Lei do Esporte do ponto de vista do agg in line. Por ora[1] vamos seguir adiante e ver que a Lei nos informa sobre algumas maneiras de reconhecer as diversas manifestações do esporte, vejam que bonito:

“I - desporto educacional, através dos sistemas de ensino e formas assistemáticas de educação, evitando-se a seletividade, a hipercompetitividade de seus praticantes, com a finalidade de alcançar o desenvolvimento integral e a formação para a cidadania e o lazer;

II - desporto de participação, de modo voluntário, compreendendo as modalidades desportivas praticadas com a finalidade de contribuir para a integração dos praticantes na plenitude da vida social, na promoção da saúde e da educação e na preservação do meio ambiente;

III - o desporto de rendimento, praticado segundo normas e regras nacionais e internacionais, com a finalidade de obter resultados e integrar pessoas e comunidades do País e estas com outras nações.”

Este último, o de rendimento, pode ser feito

“...

I - de modo profissional, caracterizado por remuneração pactuada por contrato de trabalho ou demais formas contratuais pertinentes;

II - de modo não-profissional, compreendendo o desporto:

a) semiprofissional, expresso pela existência de incentivos materiais que não caracterizem remuneração derivada de contrato de trabalho;

b) amador, identificado pela inexistência de qualquer forma de remuneração ou de incentivos materiais.”

Tudo aqui interessa muito, mas requer atenção o fato de que é costume classificar atletas de agg inline em categorias como profissional ou amador, tomando-se como base a habilidade do atleta, ou seja, atleta muito hábil é profissional, os outros são amadores ou iniciantes. A categoria do amador , costumeiramente, é aquela em que os atletas estão a meio do caminho entre iniciante e profissional em termos de habilidade ou desempenho.

Vemos, então, que os rótulos das categorias amador e profissional usados comumente no agg inline, embora não colidam com os modos de praticar o esporte de rendimento, não se encaixam perfeitamente naquela classificação legal.

Há outras complicações por aqui. Vejam o que acontece quando tentamos classificar o agg in line ao pé da letra da Lei. Ora, se nós já havíamos decidido anteriormente que o aggressive inline que praticamos é não formal, não sujeito a regras nacionais e internacionais, porque elas não existem, então ele não pode ser de rendimento.

Como nosso aggressive inline também não é esporte educacional, resta-nos classificá-lo, de acordo com a lei, como esporte de participação. Vejam que aqui há um problema: se nosso aggressive inline não obedecer regras nacionais e internacionais não pode ser esporte formal ou de rendimento e portanto, não poderia ser profissionalizado, uma vez que a lei prevê a profissionalização apenas para os praticantes de esportes esportes que observam regras nacionais e internacionais, os de rendimento.

Bem, a discussão vai longe, ficam aí esses pensamentos para quem quiser pensar. O fato é que cada inliner precisa fazer sua opção: praticar o esporte apenas de maneira informal, sem compromissos com regras ou praticá-lo, também, como esporte de rendimento. Neste último caso deverão ser gestadas as regras nacionais e internacionais para o esporte, como meio de viabilizar a classificação legal do agg in line como esporte de rendimento.


[1] correção feita em 06.03.07 às 10h40. No texto anterior estava por hora.

24 janeiro 2008

Os Princípios Norteadores da Lei do Esporte

Vimos anteriormente que a Lei do Esporte, chamada Lei Pelé, distingue duas maneiras de fazer esporte: uma formal e outra não formal. Continuando nossa olhada na Lei Pelé vamos encontrar que ela tem princípios norteadores, idéias gerais que embasam seu conteúdo. Vejamos quais são esses princípios, que a lei diz que são do esporte como direito individual:

“I - soberania, caracterizado pela supremacia nacional na organização da prática desportiva;

II - autonomia, definido pela faculdade de pessoas físicas e jurídicas organizarem-se para a prática desportiva como sujeitos nas decisões que as afetam;

III - democratização, garantido em condições de acesso às atividades desportivas sem distinções e quaisquer formas de discriminação;

IV - liberdade, expresso pela livre prática do desporto, de acordo com a capacidade e interesse de cada um, associando-se ou não a entidades do setor;

V - direito social, caracterizado pelo dever do Estado de fomentar as práticas desportivas formais e não-formais;

VI - diferenciação, consubstanciado no tratamento específico dado ao desporto profissional e não-profissional;

VII - identidade nacional, refletido na proteção e incentivo às manifestações desportivas de criação nacional;

VIII - educação, voltado para o desenvolvimento integral do homem como ser autônomo e participante e fomentado através da prioridade dos recursos públicos ao desporto educacional;

IX - qualidade, assegurado pela valorização dos resultados desportivos, educativos e dos relacionados à cidadania e ao desenvolvimento físico e moral;

X - descentralização, consubstanciado na organização e funcionamento harmônicos de sistemas desportivos diferenciados e autônomos para os níveis federal, estadual e municipal;

XI - segurança, propiciado ao praticante de qualquer modalidade desportiva, quanto a sua integridade física, mental ou sensorial;

XII - eficiência, obtido através do estímulo à competência desportiva e administrativa. ”

É muito instrutivo refletir sobre a organização do agg inline à luz desses princípios, pois cada um deles traz lições sobre como o Estado brasileiro pretende que seja vivenciado o esporte.

18 janeiro 2008

2º Desafio de rua Ratoeira Vídeo

O 2º Desafio Ratoeira vídeo, que é um exemplo de prática desportiva não formal, foi realizado no domingo dia 13 de janeiro por membros da AAGIL, Ratoeira vídeo e Mini Invasion. Houve mudanças quanto ao formato da competição, este ano foram formadas chaves contendo dois atletas em cada uma (batalhas "head to head ") disputando homem a homem quem avançava para o próximo pico, onde se fazia um novo sorteio de chaves com os vencedores. Nos desafios da Ratoeira nunca houve juízes, o julgamento é feito pelos próprios atletas que votam na melhor manobra de cada batalha, mas nos próximos desafios os organizadores estão cogitando a idéia de se eleger ao menos um juiz para eliminar o sistema de votos.

Inscreveram-se 18 competidores, portanto nove chaves formadas para a disputa no primeiro pico, o famoso COE. Rolaram ótimas manobras tanto na borda larga quanto no corrimão do COE, com destaque para Alex que ganhou de Rick com um estiloso AO Unity no corrimão. Houve algumas batalhas acirradas como o confronto entre Ferlouco e Dan, vencido por Ferlouco aloprando em um FS nugen na borda larga to transfer royal no corrimão. Uma batalha estranha foi entre Leandro e Nenê onde Leandro abusou da dificuldade e mesmo assim foi derrotado na votação.
As batalhas no primeiro pico foram:
Antônio X Marcelo, Alex X Rick, Cesinha X Paulo, Cris X Chorão, Leandro X Nenê, Patrick X Igor,
Gordo X Taichi, Dan X Ferlouco, Cabecinha X Rodrigo.


Alex durante uma troca, passando de porn para savana no COE .

O segundo pico foi o Ministério da Fazenda, e ali separaram-se os grandes dos pequenos pois muitos dos que avançaram nem sequer tentaram pular na quina inclinada pela dificuldade do obstáculo. No ministério formaram-se três chaves com três atletas em cada uma, sendo estes os vencedores do primeiro pico:
Cabecinha X Cris X Taichi, Paulo X Alex X Ferlouco, Nenê X Igor X Antônio.
Na primeira batalha do segundo pico, Taichi venceu Cris e cabecinha com facilidade mostrando experiência em obstáculos inclinados, mandando vários Souls e um Porn Star na base, avançando para a final.
O segundo confronto no Ministério foi um dos mais disputados de todo o evento, onde Ferlouco e Paulo se degladiaram manobra por manobra até Ferlouco vencer com um Blind side BS Royal. Paulo conseguiu acertar um Full Cab Kind Grind que o levaria a final, mas o tempo da batalha já tinha terminado e ficou valendo a manobra do Ferlouco.
Na terceira batalha no Ministério Antônio, Nenê e Igor escolheram a borda curva, que é bem mais fácil que a inclinada, sendo Antônio o vencedor com um Royal 540 out.
Cris e Alex perderam por desistência no Ministério sem mandar uma única manobra.

Cabecinha não reentrou em nenhum Royal no Ministério , mas pelo menos tentou.
A final foi realizada no Banco do Brasil da Presidente Vargas e os finalistas eram Antônio, Ferlouco e Taichi.
O corrimão inclinado do B.B. tem uma dificuldade particular, além de ser bem inclinado e ter um abismo de uns 5 metros, existe uma parede bem em frente à saída do corrimão. O pico é famoso por maltratar os poucos que já tentaram andar lá, vejamos alguns exemplos de atletas que se machucaram tentando: Cavera torceu o pé no final da década de noventa ao cair do abismo, Ferlouco bateu com a boca na parede e amoleceu dois dentes, Igor perdeu recentemente alguns dentes ao cair de boca do abismo no chão. Mas voltando ao Desafio, Antônio chegou a passar vela no outro corrimão extenso, mas quando viu que Taichi e Ferlouco se preparavam para andar no temível corrimão inclinado, logo parou para apenas olhar.

Taichi mostrando frieza mandou na primeira e única tentativa um top acid na base e esperou Ferlouco correr atrás. Não demorou muito, Ferlouco bastante concentrado acertou de segunda um Half Cab BS nugen muito preciso, manobra de alto grau de dificuldade para uma saída com aquela parede, garantindo o primeiro lugar no 2º Desafio de rua Ratoeira vídeo.
Taichi mandou este Top Side acid perfeito no Banco do Brasil mas Ferlouco foi melhor.

O 2º Desafio de rua Ratoeira vídeo mostrou a evolução do mais novos e a agressividade misturada com técnica dos mais velhos. Um detalhe importante foi que no primeiro pico basicamente as batalhas foram entre Mini Invasion e Ratoeira (pura coincidência pois as chaves foram sorteadas), onde Cesinha e Dan que são relativamente novos no inline, mesmo perdendo, revelaram-se ótimos streeteiros confrontando de igual pra igual Paulo e Ferlouco respectivamente com manobras muito boas.
Taichi campeão do primeiro Desafio de rua Ratoeira, passou a ratoeira de ouro para Ferlouco com muito orgulho e respeito, pois Ferlouco acertou incontestávelmente as três melhores manobras do dia nos três picos escolhidos para a competição.

Ferlouco Campeão do 2º Desafio de rua Ratoeira Vídeo

Os desafios de rua tem levado os patinadores de Belém ao limite , fazendo com que os mais experientes realizem manobras complexas nos picos difíceis da nossa cidade, e os mais novos devem aproveitar esses eventos para andar pela primeira vez nesses lugares. Em breve Ratoeira Vídeo colocará a disposição no You Tube uma edit da competição. Que todos continuem no street pois mais desafios virão.
Os competidores, membros da AAGIL, após o Desafio.
Fotos: Ferlouco e Taichi

12 janeiro 2008

Uma distinção necessária

Logo no seu primeiro artigo a Lei Pelé já vai dizendo que o esporte no Brasil deve obedecer ao que está escrito nela. E, ainda, que distingue dois jeitos de praticar esporte, um que obedece a regras nacionais e internacionais da modalidade e outro em que a prática é livre dessas regras. O primeiro jeito de fazer esporte é chamado de formal e o segundo de não formal.
Fixemos então essa distinção legal entre esporte formal com regras nacionais e internacionais e esporte não formal, aquele que não necessita da observação das tais regras.
Como o Aggressive in line, aparentemente, não tem regras internacionais nem nacionais, só podemos classificá-lo, de acordo com a lei, no momento, como esporte não formal, sem regras explícitas.


Foto Gleisa. Os então árbitros oficiais da AAGIL, Leandro e Robson, atribuem pontos ao atleta Marlos, de acordo com o Regulamento de Competições, durante a ETAPA I - Street Park - Abaetetuba - PA, dia 10 de junto de 2008. Aqui o Agg In line está sendo praticado no modo formal.


Foto FernandoRabelo. O mesmo atlteta Marlos (dir) praticou o Agg Inline de modo não formal em 28.02.07 no vert park da AAGIL/Cambará. À esquerda o árbitro Brayan Robson. Aqui o Agg in line está sendo praticado no modo não formal.

Todavia, ao se estruturarem as entidades de administração do Agg inline, certamente que serão geradas as regras de tal sorte que a modalidade passará a dispor das duas condições de prática, a formal e a não formal.
É interessante observar, também, que a Confederação Brasileira de Hóquei e Patins – CBHP possui regras nacionais para o Agg inline. Porém, suas regras carecem de legitimidade, pois a Instituição não as implementa de fato, não realiza eventos de agg inline.
Finalmente, a respeito desse assunto, vamos dar uma olhada num pensamento que voga no nosso mundo do Agg inline, de que inline é estilo de vida e que ipso facto não pode ser submetido a regras. Essa idéia é burra porque parte do entendimento de que só se pode praticar inline como esporte informal. É preciso abandonar a burrice e, inteligentemente, compreender que o mesmo esporte pode ser praticado de maneira formal num momento e informal em outro ou até ser praticado ao mesmo tempo de dois jeitos por pessoas diferentes em locais diferentes.
A existência de regras internacionais e nacionais não impede que uma ou mais pessoas decidam praticar seu esporte por puro lazer, sem observar as tais regras, criando outras ou, ainda, sem regra alguma, visível. Não há impedimento, também, de que um esportista que participe de eventos sob regras nacionais e internacionais possa praticar o esporte por puro lazer, sem observar as tais regras, em momentos de descontração de sua vida.
Então, essa história de que Agg inline é estilo de vida, é livre, e por isso não pode ter suas regras é coisa de quem está enganado a respeito da organização desportiva, conversa burra, de quem não sabe o que diz.